Por David Lemos
(Imagem de https://www.ofielcatolico.com.br) Tão sublime sacramento, adoremos! |
Na última ceia nosso Salvador instituiu
o Sacrifício Eucarístico do seu Corpo e Sangue, a sagrada eucaristia... “E
tomou um pão, deu graças, partiu e deu-o a eles, dizendo: ‘Isto é o meu corpo,
que é dado por vós. Fazei isto em minha memória’. E depois de comer, fez o
mesmo com a taça, dizendo: ‘Esta taça é a Nova Aliança em meu sangue, que é
derramado por vós’”. (Lc 22, 19-20). Desde então, como seguidores de Cristo,
buscamos manifestar essa presença viva Dele em nosso meio, fazendo sua memória,
como na santa missa, quando pela transubstanciação, as espécies se tornam esse
corpo e sangue vivos de Cristo.
Gratos por nossa salvação e como
cristãos fiéis, reconhecemos o valor da Eucaristia e reiteramos essa memória a
cada ano, em uma grande festa de preceito do Catolicismo, desde o século XII
(1264). Essa belíssima solenidade passa a fazer parte da vida dos católicos a
partir das visões da freira agostiniana, Santa Juliana (1192-1258), na Bélgica,
e se complementa com o Milagre Eucarístico, em que gotas de sangue caem sobre o
corporal após a consagração, em uma missa presidida pelo padre Pedro de Praga,
ocorrida na Itália (1264). Por essas manifestações do Senhor, o Papa Urbano IV,
através da Bula “Transiturus”, prescreve que oficialmente se celebre a presença
de Jesus em corpo e sangue, o mistério da sagrada eucaristia. Fica estabelecido,
portanto, que na primeira quinta-feira (dia da última ceia) após o domingo da
Santíssima Trindade a igreja festeje Corpus Christi (Fête-Dieu).
Ao adorar o santíssimo, Juliana de Cornillon
tinha visões que, conforme nos relata Bento XVI (2010), pediam “uma festa em
que os fiéis pudessem adorar a Eucaristia para aumentar a fé, prosperar na
prática das virtudes e reparar as ofensas ao Santíssimo Sacramento”, e diante
disso o papa Urbano IV escreveu: “Embora
a Eucaristia seja celebrada solenemente todos os dias, na nossa opinião é justo
que, pelo menos uma vez por ano, se lhe reserve mais honra e solene memória. (...)
[e] nesta comemoração sacramental de Cristo, ainda que seja de outra forma, Jesus
Cristo está presente no meio de nós na sua própria substância”. Mesmo que no
início esta festa tenha sido limitada a poucas regiões da Europa, tamanha é sua
importância, que o pontífice Clemente V, em 1313 reitera e bula e, em 1317,
João XXII restabelece a celebração da festa de Corpus Christi para toda a
igreja.
Os
textos do ofício litúrgico para essa solenidade foram compostos por São Tomás
de Aquino, e até hoje seguem firmes na igreja, como o “Tão Sublime Sacramento”,
textos que, segundo Bento XVI, “fazem vibrar
as cordas do coração para expressar louvor e gratidão ao Santíssimo Sacramento”. Outra
característica marcante são as procissões, prática instaurada oficialmente anos
depois, em que os fiéis caminham pelas ruas; esse evento é recomendado,
inclusive, pelo Código de Direito Canônico como uma forma de “testemunhar publicamente a veneração para com a
santíssima Eucaristia”, sendo o único dia em que Santíssimo sairia pelas
ruas, normalmente enfeitadas com belíssimos tapetes os quais, dentre outros
símbolos religiosos, tematizam a Eucaristia.
(Imagem de Gláucia Sena - Facebook/2019) Missa de Corpus Christi do ano passado, na Comunidade N. Senhora de Fátima |
Este
ano possivelmente não teremos a oportunidade de confeccionar os famosos tapetes
(tradição trazida pelos portugueses) nas ruas ou nas igrejas da nossa Diaconia,
mas certamente podemos fazer algum tipo de ornamentação em nossas casas para
assim homenageamos e adorarmos o Santíssimo Sacramento da Eucaristia. Desta
forma Cristo se tornará presença real nas nossas vidas, de corpo e sangue.
Afinal, o Catecismo da Igreja Católica nos ensina que temos que considerar a
Eucaristia como “ação de graça e louvor ao Pai; memorial sacrifical de Cristo e
de seu corpo; presença de Cristo pelo poder de sua palavra e de seu espírito”
(CIC.1358). Portanto, mais que nos alegrarmos por um feriado nacional, que no
dia de Corpus Christi (11) possamos adorar com fervor a Eucaristia, professando
nossa fé em Cristo vivo em nosso meio, que assim nos redima dos pecados e nos
torne cristãos cada vez mais fiéis ao nosso batismo!
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