"Anarriê!": As festas juninas


Por Fr. Pedro Geremia Bruxel, OFM
Passando a festa de Pentecostes, encerramos o Tempo Pascal e retornamos ao Tempo Comum.  Dizer «tempo comum» não é menosprezar ou dizer que seja menos importante. Pelo contrário: no Ciclo do Natal e no Ciclo Pascal fixamos nosso olhar no mistério de encarnação e da redenção operada por Jesus, o filho amado do Pai. O tempo comum é o nosso tempo. Tempo de nós vivermos intensamente os mistérios que celebramos. Ajudam-nos o testemunho dos Santos, que viveram surpreendentemente este amor ensinado e vivido por Jesus e abraçados pelo Espírito Santo, até chegar à Plenitude com o Pai. Nossa meta é ver um novo céu e uma nova terra.
(Alberto da Veiga Guinard - arteformacao.blogspot.com)
 Nos mês de junho temos os testemunhos valiosos de diversos santos que se consolidaram na cultura religiosa e popular. Falamos das festas juninas nos referindo às festas destes santos queridos: São João Batista, Santo Antônio, São Pedro e São Paulo. 
 João Batista foi o grande profeta que veio à frente para preparar o caminho do Senhor. Pregou um batismo de conversão, de radicalidade para colocar o machado na raiz de tantos males e injustiças na vida do povo. São Pedro e São Paulo foram apóstolos de Cristo. Pedro conheceu e se converteu completamente quando descobriu o amor de Cristo na sua vida. São Paulo foi o apóstolo missionário que, depois de perseguir o povo de Cristo, também tem a vida convertida pelo testemunho dos cristãos, como Estevão que, mesmo ante as duras perseguições e até a morte, não hesitaram em seguir fiéis a Cristo. Podemos dizer que seu testemunho, ao lado dos outros apóstolos e uma multidão de cristãos, foi o mais influente e que mais quebrou fronteiras para que o Evangelho chegasse a todos os povos. Por fim, Santo Antônio, que na Idade Média, como frade Menor, foi o grande pregador e exemplo de amor aos pobres. Assim, identificamo-nos com aqueles que deram suas vidas pelo Reino e viveram fielmente o discipulado de Cristo.
Na formação da cultura religiosa do povo brasileiro, sobretudo na região nordestina, a vida e testemunho destes santos foram muito fortes a ponto de entranhar também na cultura e no folclore popular. Indo do Nordeste ao Norte e demais regiões do Brasil, nas grandes quadrilhas juninas a vida dos santos é lembrada com grandeza. Algumas vezes se distorce numa figura caricata de um casamento caipira em que o padre aparece bêbado, quase protagonista da cena. Nestes anos tive a oportunidade de acompanhar algumas apresentações das quadrilhas e das festas juninas promovidas pelo município de Boa Vista e pelo Estado de Roraima e vi, de uma forma muito respeitosa e valorosa, estes traços da cultura Religiosa Católica.
Neste ano de pandemia não teremos (pelo menos em junho) estas bonitas festas juninas. Mas certamente podemos buscar conhecer um pouco mais da vida destes santos e tantos outros lembrados neste mês e nos outros meses do ano, para que nós, no nosso tempo, possamos também dar nossa resposta de fé ante os desafios que vivemos.
São João, interceda por nós despertando o profetismo! São Pedro e São Paulo, intercedam por nós despertando entre nós o apostolado missionário! Santo Antônio, interceda por nós na vivência da Palavra de Deus e no zelo pelos pobres!

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